“Foi
amor à primeira vista”. É assim que o escritor Pedro Camilo descreve sua
relação com Yvonne do Amaral Pereira. Foi em 1999 que ele descobriu a história
da médium carioca quando realizava uma pesquisa para uma palestra. De lá para
cá, Pedro Camilo já escreveu os livros “Devassando a Mediunidade” e “Yvonne
Pereira: uma heroína silenciosa”. Abaixo, você confere um trecho* da entrevista
que o escrito baiano concedeu, via e-mail, ao Intermédium Notícias.
Como e quando surgiu seu interesse pela vida e obra
de Yvonne Pereira?
O interesse pelo a vida e obra de Yvonne do Amaral
Pereira surgiu pelos idos de janeiro de 1999, quando pesquisava sobre
mediunidade na adolescência para preparar uma palestra. Topei com a biografia
dela e foi “amor à primeira vistaa”!
Entre artigos e livros, quantos materiais sobre ela
você tem publicados? Quais os que você destaca?
Muito material publiquei na Revista Universo
Espírita, hoje extinta. Tenho os livros “YVONNE PEREIRA: UMA HEROÍNA SILENCIOSA”
e “DEVASSANDO A MEDIUNDIDADE”, de minha autoria. “PELOS CAMINHOS DA MEDIUNIDADE
SERENA” que contém entrevistas e artigos da médium e que foi organizado e
prefaciado por mim, bem como, o capítulo “Yvonne Pereira: literatura a serviço
do Bem”, no livro PESQUISAS SOBRE O ESPIRITISMO NO BRASIL.
Apesar de Yvonne ser o pano de fundo de suas obras,
o que as diferencia?
Procuro estudar a vida e a obra de Yvonne Pereira
abordando o tema mediunidade, sempre. Passo em revista sua experiências e sua vasta contribuição,
resgatando conceitos e realizando estudos em torno desse instigante tema.
Quais fontes de estudo e pesquisa você utiliza para
conhecer mais sobre Yvonne e escrever?
Utilizei seus livros, entrevistas gravadas e o
depoimento de amigos e familiares. Atualmente, trabalho num projeto que
pretende estudar conceitos deixados por ela nas cartas que escrevia. Já tenho,
comigo, 100 páginas de cartas escritas por ela e espero que outras cheguem a
minhas mãos, através dos muitos corações que se corresponderam com ela.
No plano espiritual, Yvonne presta atenção especial
a suicidas. A quê, em sua opinião, se deve esse trabalho?
Ela
cometeu suicídio em duas encarnações. Foi médium do livro MEMÓRIAS DE UM
SUICIDA, do Espírito Camilo Castelo Branco e, com essa obra, ajudou a prevenir
suicídios, bem como serviu de inspiração para criação, no Brasil, do Centro de
Valorização da Vida – CVV. Esteve comprometida com a causa quando encarnada e
prossegue nessas atividades, em Além Túmulo.
Dos livros deixados por ela, qual chama mais sua
atenção? Por quê?
DEVASSANDO O INVISÍVEL e RECORDAÇÕES DA
MEDIUNDIADE. Nessas obras, a médium se revela por inteiro, trazendo relatos de
experiências e lições profundas. Com base nesses dois livros, escrevi
DEVASSANDO A MEDIUNIDADE, que brinca com o título das duas obras mencionadas.
Yvonne assinou alguns árticos com o pseudônimo de
Chopin. Como você vê a relação dela com o compositor polonês Chopin?
Ela assinava com os primeiros nomes do músico,
Frederico Francisco. Chopin lhe votava grande afeição. Acredito que a amizade
entre ambos remonta a passadas existências, mas nada tenho de concreto para
afirmar. Ele lhe apareceu, pela primeira, vez, na década de 1930, reaparecendo
na década de 1950. Maiores detalhes podem sem encontrados no livro DEVASSANDO O
INVISÍVEL.
Ela cresceu em um ambiente com poucos recursos, mas
sempre ressaltou o amor e o aprendizado que recebeu dos pais. Comparando com a
época atual, qual a importância e o papel dos pais no desenvolvimento da
reencarnação de um filho?
Esse papel é fundamental. Os pais modelam a atual
personalidade dos filhos e os influenciam muito além do que supõem. Uma boa
educação é garantia de adultos responsáveis e conscientes. Uma má educação
responde por desequilíbrios e traumas difíceis de resolver. É preciso que os pais
acordem para essa realidade e assumam, de forma eficiente, o seu papel na
condução dos reencarnantes que são colocados em seus caminhos na condição de
filhos.
Que conselhos você dá aos pais que não sabem lidar
com a sensibilidade mediúnica de seus filhos ainda pequenos?
Que estudem as obras de Allan Kardec, de Yvonne
Pereira e de Hermínio Miranda (DIVERSIDADE DOS CARISMAS, sobretudo). Estes
autores nos ajudam a ver a mediunidade com naturalidade, como algo presente em
nossa natureza espiritual e que necessita de esclarecimento e direcionamento.
Também na mediunidade, a orientação dos filhos não dispensa a compreensão e a
instrução dos pais.
Qual a importância de Yvonne na comunidade
espírita? Que contribuições ela deixou?
Yvonne nos ensina a vivenciar a mediunidade de
forma simples. Médiuns não são santos, não são deuses, são seres humano,
pessoas, gente! Yvonne nunca aceito que lhe beijassem as mãos, que lhe
rendessem homenagens, que a intitulassem “Grande Dama do Espiritismo” ou coisas
parecidas. Atendia a todos com simplicidade e atenção especial, sempre
recusando títulos imerecidos. E realmente não os merecia! Médiuns são pontes:
ligam dois lados e lhes facilita a comunicação. Os prodígios porventura obtidos
devem ser creditados aos Espíritos, não aos médiuns.
Saber mais sobre Yvonne ajudou ou ajuda de alguma
forma na sua vida?
Minha vida pode ser dividida em dois momentos:
antes e depois de Yvonne do Amaral Pereira. Graças a ela, tenho aprendido a
situar os médiuns e a mediunidade em seus devidos lugares. Plagiando as palavras dela em relação
a Dr. Bezerra de Menezes, posso afirmar que ela me fez ser respeitado e ouvido
no Movimento Espírita. Pretendo, nos próximos anos, escrever mais duas obras em
torno de sua vida, pelo menos. Encontro nela inspiração para muitas realizações
doutrinárias.
Pedro Camilo é um dos expositores do INTERMÉDIUM 2012.