sábado, 18 de abril de 2015

Os abismos subcrostais e a ovoidização do espírito


(...) - Compreendo Heitor, e muito lhe agradeço pelos ricos apontamentos. Porém, se me permite aproveitar o ensejo pra enriquecer minha acanhada bagagem de conhecimentos, gostaria de entender melhor o que se passaria com o nosso querido Adamastor se ele tivesse sido, de fato, lançado nos terríveis abismos subcrostais. Hoje não o teríamos conosco?
- Sim, a irmã tem razão em suscitar essa questão, útil para dilatar a nossa compreensão da mecânica divina que nos dirige. Entendemos que o espírito não morre jamais, Adelaide, porém ele pode experimentar um prolongado mergulho na inconsciência, fato que denominamos de segunda morte
(...)
- Pois então, a irmã já entendeu que os espíritos atirados nos desfiladeiros fatais, onde somente chega a providência divina, encontram normalmente a morte temporária da consciência, transformando-se em cistos humanos, como único recurso de evadirem-se da excruciante realidade em que se aprisionam. Raros conseguem resistir aos sofrimentos impostos pelos embates físicos das profundezas, sem se recolherem na contração da forma, uma verdadeira involução. Poucos, aqueles que detêm méritos para isso são socorridos a tempo por abnegadas entidades assistenciais antes do mergulho nas trevas interiores. E, como você já sabe, o ovóide, espírito regredido na forma, muito tardará a recuperar-se, sofrendo graves prejuízos evolutivos.
(...)
- Compreendemos perfeitamente que o espírito embrutecido, estado no qual me
encontrava, é suscetível de sofrer as injunções da matéria densa, quando atirado nessas fendas entremeadas entre o campo físico e o plano espiritual inferior. Encarcerado na escuridão, sob calor intenso, ele experimenta a escassez de oxigênio, o peso e a rudeza das rochas, sentindo-se verdadeiramente imobilizado. Trauma que poderá ser depois vivenciado por muitos séculos, como as claustrofobias aparentemente injustificáveis que integram as anomalias psíquicas do homem comum. Somem-se a isso a enorme solidão e a mais completa desesperança, pois descrente da interferência divina, acredita-se irremediavelmente perdido. Nessa extrema condição de sofrimento, sua única possibilidade é impor-se a segunda morte, anulando o seu metabolismo consciencial.

Trecho do livro "Tabernácuo Eterno", capítulo 11, págs. 94 e 95. Editora Inede
Espírito Adamastor / médium Gilson Freire.