sexta-feira, 22 de maio de 2015

Educação mediúnica - pensar ou sentir mediunidade?

Instituiu-se uma cultura de educação mediúnica, a qual ainda privilegia os pressupostos da educação formal embasada na aprendizagem cognitiva. Esse método, porém, tem lá seus inconvenientes, principalmente por tratar-se da educação do espírito que, como sabemos, aprende na medida em que pulsa o sentimento no mesmo diapasão em que vibra o pensamento.

Ao colocar-se na condição daquele que precisa arbitrar sobre o que seja conteúdo seu, do que seja dos espíritos, e ao ter de filtrar comportamentos condizentes com o que se espera dos médiuns, estes acabam por descuidar da essência que efetivamente interessa. Sem a necessária espontaneidade para permitir ser quem ele é, torna-se ainda mais difícil para o médium avaliar o campo vibracional do espírito.

O médium conseguirá ser ele mesmo e sentir-se seguro na medida em que conheça a si próprio, algo que será tão mais intenso quando mais ele encontrar no grupo as condições ideais.

Trecho do capítulo 4, a Mediunidade sob o Alqueire, págs. 53 e 54.
Autor: Fátima Ferreira. Editora Inede.

domingo, 17 de maio de 2015

A disputa pela posse da verdade - os perfis humanos

No conturbado julgamento de Jesus, Pilatos, o representante de César, deu sinais de estar confuso entre a necessidade de agradar a multidão ou acolher a voz da consciência, a qual certamente instigava-o a reconhecer que se encontrava diante de um poder superior. 

Possivelmente vivenciou instantes de angústia. Entretanto, porque não conseguiu ultrapassar os limites do intelecto, o qual lhe lembrava dos seus interesses imediatos, cedeu ao apelo da massa humana. Esta, por deixar-se levar pelas paixões, permite-se com maior frequência as escolhas equivocadas. 

(...) Sem o fermento do amor, o apego desmedido à filosofia converte-se em fanatismo; a necessidade de tudo comprovar pela razão transforma-se em descrença; e sem a religiosidade que nos reconecta com Deus sentimo-nos desamparados e caminhados ás cegas, motivados pela descrença ou pelo fanatismo, ambos impeditivos da nossa evolução.(...)

Caifás personificou o fanatismo. Os fanáticos apegam-se às suas crenças como se fossem as únicas possíveis, com total exclusão de qualquer outra. Fecham-se para novas possibilidades e, com frequência, tornam-se intolerantes. A falta de visão plural leva-os a estacionar nos seus pontos de vista. Com isso, além de não caminhar, emperram a marcha dos outros. 

Os fanáticos são homens apaixonados que sem terem aprendido a amar, ainda tomam emoções e sensações como se fossem sentimentos profundos. Entusiasmados eles se apegam facilmente às crenças superficiais como se fossem o objetivo de suas vidas. Mas, porque as suas crenças são frágeis, mostram-se impotentes para sustentá-las nos momentos de aferições. Por isso, não raro, tendem a resvalar para o extremo oposto, a descrença. (...)

Herodes Agripa agiu como os incrédulos em geral que, desacreditados da religião, apegam-se aos sentidos e desprezam tudo o que não possa ser comprovado pela razão. Orgulhosos, duvidam não porque discordem, mas porque não se dignam sequer a analisar , uma vez que acreditam ter superado a frágil visão dos crentes.

Entre uma e outra posição situa-se a grande massa dos indecisos ou mornos que, a exemplo de Pilatos, oscilam entre crer e descrer. Alienados ficam à mercê da influência dos outros. A dúvida é para estes a pedra de tropeço, pois no receio de errar, optam por não arriscar e permanecem à margem. Não caminham e não promovem o avanço geral.

Quando chegam a tomar consciência dos equívocos cometidos, contraem-se na culpa numa tentativa de esconder-se da luz que insiste em alcançá-los. Esse movimento de contração da culpa projeta-se em atrofias morais as quais reverberam nas existências seguintes. 

Veem muitas vezes daí os reflexos da baixa autoestima, a qual dá origem a várias disfunções do sentir, algo que afeta boa parte da humanidade. Na tentativa de escapar da baixa autoestima muitos procuram obter sucesso a qualquer custo, sem perceberem que repetem a tentativa equivocada de expandir o ego. 

*Trecho do livro Mediunidade sem Fronteiras, cap.3, A disputa pela posse da Verdade, págs 37 a 39.
Editora Inede. Autora: Fátima Ferreira

terça-feira, 12 de maio de 2015

O trabalho mediúnico e o Festim de Núpcias: vivendo a imortalidade desde já

... A assiduidade às reuniões mediúnicas e tampouco a docilidade passiva dos médiuns não serão suficientes para as realizações espirituais de vulto, quando não sejamos capazes de desejar ardentemente priorizar os interesses espirituais. As necessidades imediatas tendem a nos consumir todo o tempo e disponibilidade psíquica, de modo que não sobra espaço para alimentar a fé.
 
Não se trata somente de tempo e experiência acumulados no trato com os conhecimentos espirituais, mas sim, de força de vontade firme. Há médiuns que mal chegaram à casa espírita e mostram-se dotados de determinação maior, do que muitos que se encontram há décadas no preparo e nunca saem do lugar.
 
Não se trata igualmente de aguardar o chamado do Alto para tarefas de envergadura, pois é o trabalhador que precisa fazer-se escolhido. Quando nos deparamos com trabalhadores preocupados em procrastinar o atendimento das questões de ordem espiritual, alegando a necessidade de priorizar as obrigações familiares e profissionais, recordamo-nos da clareza do alerta contido no Festim de Bodas. As justificativas dos convidados ausentes ao festim retratam fielmente esta dificuldade humana de priorizar os interesses da vida imediata. Como na passagem, o comércio e a casa de campo simbolizam na nossa vida a atividade profissional e o lazer, embora ambos legítimos.
 
Certamente não podemos negligenciar as responsabilidades que nos competem junto à família e à sociedade, até porque há muitos que costumam refugiar-se nos núcleos religiosos, como no centro espírita, para evadir-se dos testemunhos a que foram chamados pela reencarnação. Entretanto é ainda maior o número dos que se servem dessas obrigações como pretexto para procrastinar o processo educacional.
 
Esses últimos agem como se o tempo estivesse a nosso favor. Deliberam adiar para as próximas reencarnações compromissos que poderiam torna-lhes a vida presente mais atribulada. Com isso demonstram total desconhecimento do que representa estar reencarnado numa época de transição planetária. Daqui por diante deverão reencarnar na Terra tão somente os espíritos que já consigam mostrar-se capazes de fazer o bem no limite das forças. Afinal, são eles os mansos que, de acordo com Jesus, herdariam a terra.
 
Percebe-se que já não basta evitar o mal, mas muitos continuam procrastinando o instante das transformações significativas. Não nos tornaremos espíritos após a morte física, até porque somos todos espíritos temporariamente revestidos de um corpo. O que resta é aprendermos a viver a imortalidade desde já.
 
Trecho do capítulo Mediunidade Sustentável, págs. 57 e 58, livro Mediunidade sem Fronteiras.
Autor: Fátima Ferreira. Editora Inede.